Existe uma crença japonesa bastante conhecida de que se uma pessoa fizer mil tsurus, o desejo dela se realiza. Poucas vezes na minha vida eu vi alguém completar a meta, todas as vezes para que uma pessoa querida se recuperasse de uma doença. Em nenhuma delas, no entanto, o desejo foi atendido.
Por que essa crença persiste então? Qual é o sentido dela?
Fazer mil tsurus é muita coisa, uma pessoa não faz isso por um desejo fútil, banal, é preciso ter muita força de vontade e engajamento. E com força de vontade e engajamento se consegue quase qualquer coisa, menos adiar a morte.
Hope é sobre isso: força de vontade, engajamento e esperança, e sobre juntar mil tsurus.
O personagem principal vai percorrer dez fases coletando cem tsurus em cada uma delas, consumindo-os para ultrapassar os obstáculos intransponíveis ao longo do caminho.
A idéia do jogo surgiu alguns dias antes da entrada desse ano, na época fiz alguns rascunhos mas acabou indo para o limbo. Lá pelo meio de março, decidi retomar por ser um jogo tecnicamente simples com um escopo já bem fechado que eu conseguiria terminar sozinha, fatores importantes considerando que é o primeiro.
A plataforma de desenvolvimento é Flash. Mesmo que hajam engines bem mais alto nível para jogos de plataforma 2D, eu tenho bastante familiaridade com Actionscript, além disso, ser possível jogar sem baixar nem instalar nada é sempre uma vantagem para divulgação.
Glorioso boneco de palito
Comecei programando o funcionamento básico, precisava sentir a movimentação do personagem para poder começar a pensar no level design. Apesar da estrutura principal e mecânicas do jogo já estarem definidas desde o início, foi só após finalizar o primeiro protótipo que eu consegui entender exatamente o espírito que as fases terão.
Quando se fala em jogos de plataforma, a primeira coisa que vem em mente é o personagem que anda da esquerda para a direita ultrapassando obstáculos até chegar ao fim. No entanto, existem muitas outras possibilidades que renderam bons jogos, mas das quais não nos lembramos num primeiro momento. No caso do Hope, o objetivo na verdade é juntar tsurus, chegar a algum lugar simplesmente não acontece se o jogador não cumprir essa primeira exigência.
A idéia do visual foi sugerida pelo Fábio Picchi enquanto eu fazia uns rabiscos de quardanapo. Todo o cenário foi feito com origamis reais, infelizmente, o personagem principal teve que ser desenhado, após uma tarde toda dobrando papel, concluí que não chegaria numa forma satisfatória partindo de regras tão rígidas.
As cores ainda não são finais, estou um pouco insatisfeita com a diferenciação dos objetos interativos (plataformas) e do cenário.
Por enquanto é isso, até a semana que vem acho que consigo postar a primeira fase cheia de bugs.
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